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No meio de um quarteirão tranquilo da Rua Doutor Pinto Ferraz, na Vila Mariana, o movimento na porta de um acanhado ponto comercial chama atenção. Durante muito tempo figurou na entrada uma placa feita a mão que não deixava dúvida sobre a especialidade da casa e a “modéstia” do proprietário. “As melhores linguiças do mundo”, lia-se no letreiro. A maioria dos fregueses nunca achou a coisa exagerada, mas o cartaz acabou sendo retirado porque se revelou desnecessário depois que a fama do local correu a cidade no marketing boca a boca. Alguns dos clientes chegam hoje a atravessar a capital em busca dos produtos ali vendidos há 64 anos.
Parte das delícias acaba bem longe dali. Há exportações regulares para todos os países da América do Sul, além de Japão, Bélgica e Estados Unidos, entre outros. A lista não para de aumentar. “No ano passado, um coreano me viu na televisão e queria provar de qualquer jeito as coisas do meu cardápio”, conta Gijo. “Ele pegou um voo para o Brasil, apareceu aqui e adorou tudo.”
Nas raras horas de folga, ele gosta de apostar em cavalos, fazer pescarias e ver da poltrona de sua casa os jogos do Palmeiras. Viúvo desde 1997, tem duas filhas. Mas, para sua decepção, nenhuma delas seguiu a carreira (uma é médica e a outra, psicóloga). O único funcionário que ele tem é o neto Luiz Trozzi Lancellotti de Jesus, de 23 anos. Estaria o rapaz sendo preparado para que o negócio continue vivo e nas mãos da família? Seu mentor não parece apostar muito nisso. “O sucesso daqui não vem só da receita, é o modo de preparo que influencia e o meu jeito de trabalhar”, afirma Gijo. “Quando eu morrer, a melhor linguiça do mundo acaba também.”
Nascido no Bixiga e filho de italianos, Gijo dá expediente no ambiente decorado com dezenas de quadros com fotos da família, de Jesus Cristo e de vários santos (ele é devoto de São Luís Gonzaga, padroeiro da juventude). O lojista que trabalhava com o pai desde os 8 anos de idade e herdou dele, este açougue no fim da década de 40. “Fico aqui desde quando tinha a altura do balcão”, diz ele. Começou vendendo os três sabores tradicionais: calabresa, calabresa com pimenta e toscana. Aos poucos, foi ampliando o cardápio, apreciado atualmente por gente como a apresentadora Hebe Camargo e o chef Alex Atala. “No Brasil, temos grandes linguiceiros, mas nenhum tem tanto apreço pela perfeição quanto ele”, elogia o Sr. Massimo Ferrari, cliente e amigo há quarenta anos. Recentemente, Gijo foi a estrela do programa de gastronomia de Olivier Anquier, o “Diário do Olivier”, exibido pelo canal pago GNT. Os dois se deram tão bem na gravação que ficaram próximos e conversam até hoje.
O mestre dos embutidos trabalha doze horas por dia e jura que nunca tirou férias. Sua rotina é preenchida pelo atendimento ao público e pela supervisão da produção. Até meados dos anos 70, fabricava os produtos no próprio açougue que mantinha atrás da loja. Atualmente, isso fica a cargo de frigoríficos parceiros, que executam suas receitas.
O REI DA CALABRESA
Nas raras horas de folga, ele gosta de apostar em cavalos, fazer pescarias e ver da poltrona de sua casa os jogos do Palmeiras. Viúvo desde 1997, tem duas filhas. Mas, para sua decepção, nenhuma delas seguiu a carreira (uma é médica e a outra, psicóloga). O único funcionário que ele tem é o neto Luiz Trozzi Lancellotti de Jesus, de 23 anos. Estaria o rapaz sendo preparado para que o negócio continue vivo e nas mãos da família? Seu mentor não parece apostar muito nisso. “O sucesso daqui não vem só da receita, é o modo de preparo que influencia e o meu jeito de trabalhar”, afirma Gijo. “Quando eu morrer, a melhor linguiça do mundo acaba também.”
Fatos e curiosidades da trajetória do comerciante
Natural: de São Paulo (nasceu no bairro do Bixiga e é filho de um italiano e de uma brasileira)
Especialidades de linguiça no cardápio: 21
Vendas por mês: 1 tonelada
Alguns clientes famosos: Hebe Camargo, Olivier Anquier, Massimo Ferrari, chef Alex Atala e Fausto Silva
País para onde exporta: Coreia do Sul, Argentina, Bélgica e Estados Unidos
Hobbies: turfe, pescaria, dança e jogos do Palmeiras
Texto por Isabella Villalba – 12.ago.2011